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domingo, 20 de março de 2011

Esse é o ultimo dia da minha vida.

Chorava enquanto pintava as unhas de preto. O que ela queria mesmo eram ataduras pretas de Amaranta. Lembram dela? Não importa.
Queria viver um luto eterno, mas restou um bebê no ventre. Como poderia esquecer? Se existia uma lembrança do amor que existiu bem ali dentro dela. E logo ele ia ser visível... E teria talvez os olhos dele, talvez o jeito racional de ver as coisas. Uma lágrima caiu exatamente no dedo que uma aliança, feita por ele, enfeitava. E a água dos olhos estragou a pintura daquela unha. Levantou e foi pegar algodão e acetona, apagando o borrão. Mas ela queria mesmo era apagar as noites, as tardes e as manhãs que passou com ele. Queria arrancar da retina memorial o semblante dele.
Mas não dá pra voltar. Ele não vai escutar, e ela não acredita em nada além do que vê.
E ela deita no chão, fuma cigarros e escuta First Day of My Life, e lembra que quando ele estava lá, escutaram a música felizes. Ele disse: senta aí, quero te mostrar uma música. Mas fecha os olhos. Ela obedeceu e ele ficou atrás dela, lendo a tradução por cima de sua cabeça. O inglês dela é assustador... Lembrou que sempre pedia pra que ele traduzisse as músicas. Agora ele não lerá isso, por que não está mais aqui. A moça vive entre lembranças, mas a culpa é dele, que não podia ter morrido.
Quero dizer uma ultima coisa: Ela cantará essa música pro filho quando ele perguntar pelo pai.





Primeiro Dia da Minha Vida

Esse é o primeiro dia da minha vida
Eu juro que nasci bem na porta
Eu saí na chuva, de repente tudo mudou
Eles estão espalhando toalhas na praia
Seu rosto foi o primeiro que eu vi
Acho que eu era cego antes de te conhecer
Agora eu não sei onde estou eu não sei onde eu estive
Mas eu sei aonde eu quero ir

E então eu pensei que deixaria você saber
Que essas coisas demoram para sempre, eu especialmente sou lento
Mas eu percebo que eu preciso de você
E eu imaginei se poderia voltar para casa

Eu lembro de quando você dirigiu a noite toda
Só para me encontrar de manhã
E eu achei aquilo estranho, você disse que tudo mudou
Você sentiu como se tivesse acabado de acordar

E você disse, "Esse é o primeiro dia da minha vida?
Estou grata que não tenha morrido antes de te conhecer?
Mas agora eu não me importo, eu poderia ir para qualquer lugar com você
E eu provavelmente seria feliz"

Então se você quiser ficar comigo
Com essas coisas não há o que falar
Você tem que esperar e ver
Mas eu prefiro trabalhar por um salário
Do que esperar para ganhar na loteria

Talvez dessa vez seja diferente
Eu realmente acho que você gosta de mim

2 comentários:

  1. Opinião de leitor~pois não escrevo contos. Acho bem instigante a mistura que você, Dani, faz entre textos e músicas. Mas as músicas podiam entrar num texto ou outro de forma menos previsível. Sei que o Youtube é um saco,às vezes está lento demais, mas tentar remeter o leitor do texto para ouvir a música e voltar ao texto.Por exemplo : " Ele disse: senta aí, quero te mostrar uma música. Mas fecha os olhos. Ela obedeceu e ele ficou atrás dela, lendo a tradução por cima de sua cabeça." Aí poderia entrar o clip da música.Depois voltava o texto. No caso deste conto , cortava o melodrama da situação, tirava a carga tipo "Ghost" e filmes do gênero.É só uma idéia de quem gostou do texto mas que acha que ele seria melhor com um pouco mais de inventividade na estrutura.

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  2. Sobre o comentário que fiz sobre este conto quero deixar claro que não quís dar nenhuma "lição de literatura" a quem já nasceu sabendo. Apenas externei minha opinião : sentiria mais prazer com uma "montagem cinematográfica" do texto com o clip. RobertoMenezes.

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