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domingo, 24 de junho de 2012

Feito um mosquito.

    Sinto algo andar pelo meu braço direito: sobe, desce, faz a curva, desfaz. Penso que pode ser coisa da minha cabeça ou má circulação e prossigo na leitura. A coisa persiste nos seus trajetos misteriosos, coloco a mão num movimento rápido, o seguro! Um prazer estranho faz percorrer um frio em minha espinha, sinto meus mamilos enrijecidos enquanto aperto a coisa com os dedos. Seguro por um tempo longo, até certificar-me de sua morte. Em seguida meto a mão por dentro da manga, o seguro com cuidado e nojo: o tenho no dedo e jogo no chão, ao meu lado. Volto à leitura, satistefeita, estranhamente satisfeita, asco e prazer me inundam.
    As pernas não param de tremer, e a leitua não flui de forma nenhuma. Tento controlar meus gestos e manter o autocontrole em minha perna e ela para, entrentanto, os olhos não conseguem obedecer: leia leia leia, presta atenção caralho! Nada, não funciona. Olho, com timidez, pro chão: ele não está mais lá. Foi levado, numa espécie de ato litúrgico ou pagão, pelo vento de junho. Penso que assim é o amor, feito um mosquito por debaixo da roupa.

2 comentários:

  1. Nossa... faz muito tempo que não visito o seu blog. Não sei... de repente deu vontade de voltar a visitá-la. Talvez porque um dia gostei de ser um dos vários "Anônimos" que já passaram por aqui.
    .
    E para que a visita não seja apenas +1 número no contador. Gostaria que você me explicasse melhor essa analogia - levando em conta o ponto de vista da personagem - "Penso que assim é o amor, feito um mosquito por debaixo da roupa"? Nojo, asco e prazer?

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  2. Com o maior prazer! Bom, seria primeiro a dúvida, o amor existe ou é irreal, coisa da cabeça ou má circulação? Depois o prazer em destruí-lo, por medo que ele possa ser, será que é venenoso? e por ultimo o olhar, com certa esperança, pra ver se ele ainda está lá... mas geralmente é tarde, o vento de junho levou.
    Volte sempre Heric! E estou à disposição (: espero que tenha gostado...

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