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sábado, 30 de julho de 2011

Meninos.

Ela vestia aquele vestido de seda azul, uma fita branca separava a franja do resto do cabelo. E como era linda.
- Eu não aguento mais trabalhar o dia todo, chegar e ainda ter que ouvir as suas ladainhas. - ele disse apertando a cabeça e com os cotovelos sobre o joelho.
E ela, já vermelha de raiva, revidava: - Você pensa que é fácil cuidar dessa casa e desse demônio?
Ele, agora igualmente vermelho: - Demônio? Agora nosso filho é um demônio? Pois saiba que se não fosse por esse demônio eu já nem estaria nessa casa!
- Pois eu digo o mesmo. Se não fosse esse demônio, eu estaria bem longe!
Nem era preciso o menino ouvir mais, "será que eu sou um demônio?", e a dúvida martelou na cabeça do moleque a noite toda.
Pela manhã a mãe, de rosto inchado veio lhe comunicar:
- Pedro, você vai passar o resto das férias no interior com seus avós.
E ele sem saber das dimensões daquilo sorriu.
Pedro tinha três amigos na cidade dos avós, e adorava se reunir com eles pra ir a cachoeira, a padaria, comprar leite pela manhã e principalmente fugir no meio da noite pra encontrá-los.
- Heitor, sabia que eu sou um demônio?
- Quê?! E não é demônio, é dimônio!
E o outro moleque, o Júlio: - Mas como vocês são burros! - e deu uma risada longa: - É DIMONHO!
Os três riram.
E Pedro disse: - Ah só se for aqui, porque lá é demônio. E também não importa, o que interessa é que eu posso ter o que quiser, não é?
E os outros dois responderam juntos: - É, acho que é.
- Heitor, se você fosse um demônio o que você ia querer?- perguntou Pedro.
- Ah, eu ia pedir pra ser piloto de avião... - respondeu deitado na pedra, olhando o céu. - E você Pedro?
- Ah, eu ia querer ser playboy!
Os outros dois riram muito da palavra desconhecida: - E o que é isso?
- Ah, não sei bem. Mas dirige cada carrão! - disse fazendo com as mãos movimentos como se tivesse dirigindo um carro. - e você Júlio?
- Eu queria ser rico.
O sol esquentava os meninos deitados na pedra mais alta perto da cachoeira.
E o Pedro concluiu: - Até que não é má ideia ser demônio.
- É dimonho! - gritou o Júlio.
E os três caíram na gargalhada.

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