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domingo, 2 de dezembro de 2012

Minha boca anda oca

Em meio as escadarias de São Luís você me pega no colo, me beija, me verte, me sorve e me leva pra casa no colo. Agora não sei quantos quilometros de terra, água e ar nos afastam. Agora a água quente do meu banho contrasta com os banhos frios que ai tomei, do nosso banho frio, do nosso chão de banheiro, da nossa cama molhada, da nossa varanda, dos olhos que ardem pelo suor, ardem de desejo e resfriam de arrepio a pele. Sua pele moura, minha pele francesa. Sua alma mineira, minha alma de São Paulo, o lugar onde a "ganância vibra e a vaidade excita".
- Nos trombamos, como dizem lá em sampa, mineiro...
- Vem cá. Dorme aqui comigo, coça minhas costa... isso mais embaixo. Ê paulistinha, você vai embora. Quanta loucura.
Agora corto as unhas que cresceram na viagem e aos poucos lavo a roupa com ares dai, ares seus, com alguma coisa sua, com vestígios de suas mãos enormes que passaram pelas roupas, por minha pele, meu cabelo, minha boca, minha mordida, sua mordida, esses olhos profundos que não saem da minha memória. Eu na ponta do pé, você sorri e me agarra pela cintura... "Parece que tudo e todos que me fazem esse bem vão embora".
Nada vai embora, meu mineiro, tudo que vivemos ajudam a construir, aos poucos, o que somos e quem seremos. Eu só desejo que o sonho semeie o mundo real.

Um comentário:

  1. Muito bom conto, e não posso deixar de sentir uma certa inveja do tal mineiro...
    Não sou o anônimo de sempre, sou um novo, mas alguém que te admira faz um bom tempo.

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