O Grande... Te
coloca na boca, segura, meio entre os dentes, meio entre os lábios
enquanto procura, procura, procura, procura o fogo. Te dá uma ajeitada
com a ajuda dos dedos, contrai a sombrancelha e o queixo vai um pouco
pra frente. Arranja um lugar onde não venta, pra que vento? Pra que o
"soprar do vento"? Melhor que não haja... Depois, depois que o fogo
começa a consumir, talvez um bom vento seja bom. Talvez.
E
então eis que começa o ritual, entre os dedos, entre os lábios ele te
suga, te puxa, te sorve e como n'O Elefante de Drummond "[...] todo seu
conteúdo de perdão, de carícia, de pluma, de algodão, jorra sobre o
tapete, qual mito desmontado."
Ao lado, num recipiente cinza, meio espelhado, seus restos, suas cinzas
vão sendo jogadas talvez ao vento, talvez ao acaso. Ele te expulsa em
forma de fumaça com vigor, como que se dando conta do mal que você lhe
causa. Como o corpo num impulso de defesa. Defesa tardia. Ou ainda é
cedo? Talvez a consciência do mal só venha depois, após os anos, após
não ter nenhuma carta escrita, nenhuma recebida, tavez uma escrita mas
não enviada. Mas num impulso animal, ele expulsa num sopro forte toda a
fumaça.
Por fim, o ultimo trago. Sim, trago. Ele te tira da boca e te olha... um observador, um analista, um doutor, um arrependido. E entre os dois dedos, polegar e indicador, com unhas, assim como os dentes, amarelas: te apertando, te apaga. Talvez seu fim, não o dele, seja o vaso sanitário, a terra, o vaso de uma planta, a rua, ou entre as pedras, suas velhas amigas.
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